21/02/2017
Mais de 10 mil agricultores saem às ruas contra reforma da Previdência

Mais de 10 mil agricultores saem às ruas contra reforma da Previdência

Principal reivindicação dos trabalhadores rurais é que a categoria tenha tratamento especial no que diz respeito à aposentadoria
Empunhando bandeiras e entoando o cântico "se o agricultor não planta, a cidade não almoça e não janta", 10 mil agricultores familiares do Vale do Rio Pardo e de outras regiões do Rio Grande do Sul tomaram as ruas de Santa Cruz do Sul durante esta terça-feira, 21, contra a reforma da Previdência proposta pelo governo federal. A principal reivindicação é que a aposentadoria rural tenha critérios diferentes daqueles adotados por outras categorias.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz, Renato Goerck, o movimento teve uma adesão satisfatória. "Os agricultores estão sensibilizados. Nos deixa contentes saber que a categoria a qual a gente defende veio hoje em grande número", avaliou. Além de uma emenda que exclua os trabalhadores rurais da reforma da Previdência, o movimento pede ainda que seja mantida a pensão de um salário mínimo quando há o falecimento do cônjuge. "É um direito que querem tirar", comentou. "O governo pode até passar a proposta como escreveu, mas a gente não vai ficar quieto. É uma reforma que prejudica os pequenos. Aspectos climáticos, por exemplo, fazem com que o agricultor tenha uma rotina mais pesada", explicou.

A concentração dos manifestantes ocorreu por volta das 8 horas na Rua Galvão Costa, em frente ao pórtico do Parque da Oktoberfest. Com isso, a quadra da rua entre a Tenente Coronel Brito e a Avenida Independência ficou bloqueada para o trânsito de veículos. Às 9 horas lideranças da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) deram início ao protesto. Após discursos, que ocorreram em frente ao Parque da Oktoberfest, os agricultores saíram em caminhada pela Galvão Costa, até a esquina com a Marechal Floriano, no Monumento ao Imigrante, onde fica a sede do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco).

De lá, os manifestantes continuaram a caminhada pela Marechal Deodoro (passando em frente ao Banrisul e ao Banco do Brasil) até a Rua Ramiro Barcelos, passando em frente à Catedral São João Batista. Os trabalhadores rurais seguiram até a agência do INSS, localizada na esquina da Ramiro com a Ernesto Alves. O destino final foi a sede da Receita Federal, localizada na Rua Felipe Jacobus Filho. A manifestação terminou perto das 16 horas.

Um dos participantes do protesto foi o deputado federal Heitor Schuch. Segundo ele, os parlamentares em Brasília foram informados sobre a mobilização que aconteceu nesta terça em Santa Cruz. "O presidente da Contag já nos contatou. O eco (do protesto) está chegando em Brasília", comentou. "Agricultor não tem patrão, não trabalha na sombra, não tem carteira assinada, nem fundo de garantia, nem férias e décimo terceiro. Essa categoria especial precisa de um tratamento especial", explicou.

Negociação do preço do tabaco


Na sede do Sinditaco, uma comissão formada inclusive pelo presidente da Afubra, Benício Werner, entregou ao presidente do sindicato, Iro Schünke, um documento no qual manifesta a indignação no que diz respeito a negociação do preço do tabaco, outra reivindicação dos manifestantes. "O mínimo que esperamos deste sindicato, que representa suas empresas associadas, é buscar uma solução urgente", solicita o material dos manifestantes.

O presidente do Sinditabaco, Iro Schunke, explicou que há anos o sindicato não se envolve na negociação do preço do tabaco, mas afirmou que as reivindicações serão repassadas para as empresas associadas.

Fonte: Redação Portal Gaz/ Foto: Bruno Pedry